segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Realidade do Destreinamento

É triste mas é verdade. Leva-se meses e até anos para se adquirir determinada performance e para perder bastam de 2 a 4 semanas. Esta é a conclusão de vários estudos com relação a destreinamento, um termo conhecido em Fisiologia relacionado à perda de condicionamento nos atletas de endurance tais como corredores fundistas, ciclistas de estrada, nadadores, triatletas entre outros esportistas. A queda do VO2 Máximo segundo esses estudos, está associado, entre outros fatores, à redução do débito cardíaco. As câmaras cardíacas, deixando de receber os estímulos reduzem rapidamente o poder de contração e conseqüentemente o volume sistólico, fato facilmente percebido pela Freqüência Cardíaca de repouso aumentada logo na primeira semana de suspensão das atividades.

Segundo Coyle, os sistemas corporais regridem na mesma proporção da diminuição do estímulo. Ou seja, se a parada é repentina como nas lesões, a regressão é rápida. Convertino, citado por Fabiana Evangelista e Patrícia Brum na Revista paulista de Educação Física mostrou que o débito cardíaco máximo sofreu uma redução de 26% após 21 dias de destreinamento. Em outro estudo realizado pelo mesmo pesquisador, a redução do débito cardíaco e volume sistólico foram de 23% em apenas 10 dias. Isso demonstra claramente que a queda é vertiginosa nos primeiros dias. Depois, a curva de perda é mais lenta. Menos mal. Afastamentos de 21 a 84 dias, a perda não é total e o retorno às atividades não partem do zero, além disso, a evolução costuma ser mais rápida.

Os efeitos de redução não se restringem ao sistema cardiovascular, mas também à massa muscular incluindo o miocárdio. Ehsani, Hagberg & Hickson, estudando corredores de elite numa parada de três semanas, através de ecocardiografia comprovaram uma diminuição da capacidade diastólica do ventrículo esquerdo de 51 para 46,3 mm assim como a espessura da parede do miocárdio de 10,7 para 8 mm. Fatores que sabidamente interferem no volume de sangue bombeado a cada batimento cardíaco. Da mesma forma a capacidade dos músculos esqueléticos levar e consumir oxigênio, (diferença artério-venosa) também diminui significativamente. A rede capilar perde facilmente a sua elasticidade dificultando o fluxo do sangue. Quanto maior a performance com relação ao VO² Máx. mais rápida e maior é a perda. Ou seja, atletas de elite têm mais para perder do que as pessoas comuns.

Estamos vendo que o afastamento temporário, seja por uma lesão, férias ou mesmo transição de temporada competitiva, pode causar perdas importantes. O conhecimento real dessa reação, fornece dados para melhor prescrição de programas de exercícios no retorno ao pico de performance. Um dos grandes problemas de quem volta a treinar depois de um período parado, é justamente achar que não perdeu nada, tentando voltar com a mesma carga e ou intensidade, que estavam no momento da interrupção, podendo até sofrer uma nova lesão.

O destreinamento é percebido não só no atleta de endurance, mas também aos adeptos à musculação especialmente à hipertrofia muscular abrangendo mesmo aos simples mortais. Isso reforça a importância da prescrição lenta gradual e progressiva seguindo os chamados princípios da Educação Física. O da continuidade diz respeito à freqüência semanal escolhida seja 3, 4 ou 5 vezes. Alguns alunos, logo ao se matricularem numa academia querem "entrar de sola" malhando todo dia. Começam a ver que não dá certo e ora, numa semana vão três vezes, ora duas, ora nenhuma. Resultado. Não chegam a lugar nenhum. É importante estabelecer uma rotina viável de um mínimo de três vezes por semana com intervalos regulares.

Existe ainda uma outra forma associada a destreinamento citada por Zatsiorsky na área de musculação. O músculo pode diminuir a seção transversal sem perda real de força quando o aluno resolve ficar executando sempre a mesma série, mesmo intervalo, mesmo método e mesma carga. A variação de métodos e exercícios mesmo sendo para o mesmo grupo muscular, teoricamente tem a intenção de recrutar o maior número de unidades motoras mantendo o maior volume muscular e força geneticamente possível.

O destreinamento também pode ter a sua aplicação proposital e muito pouco usual, pelo menos aqui no Brasil. É o caso de atletas que atingem o auge de suas carreiras e se aposentam. Normalmente são abandonados à própria sorte deixando de fazer qualquer tipo de treinamento. Viram de uma hora para outra sedentários, engordam, adquirem até doenças relacionadas à falta de exercícios tais como hipertensão e diabetes. A aposentaria do atleta deveria ser prevista num programa de exercícios lento, gradual e regressivo partindo da carga alta a que ele estava acostumado a fazer para uma intensidade moderada visando qualidade de vida das pessoas normais. Não deixa de ser um destreinamento, só que, com um objetivo definido.

Bom, vimos que a performance adquirida à custa de muito suor determinação e por longo período pode ser perdida quase que, num passe de mágica em duas semanas. A base mais significativa dessa perda está no sistema cardiovascular onde o débito cardíaco regredindo deixa, de alimentar os outros sistemas corporais. Tudo isso na verdade reforça a necessidade da prescrição e acompanhamento profissional. Quem por um motivo ou por outro necessita parar de treinar precisa ser orientado com relação a quais exercícios devem fazer e com que intensidade até para uma retomada à performance. Parar repentinamente pode trazer grandes prejuízos para o corpo, para a mente e para a sociedade.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

DICAS DE TREINOS MTB

TREINOS DE MOUNTAIN BIKE – VÁRIOS TREINOS 
Para um bom treinamento de mountain bike, é necessário que o atleta descubra onde precisa melhorar mais e faça treinos específicos para melhorar o seu ponto fraco. Os principais treinos de mountain bike são:
Treino de base: Se você está começando a treinar agora, comece por pedalar 30 minutos. Sempre em terreno variado (Não se esqueça de andar na terra) e sem se preocupar com velocidade. Após 5 treinos iguais, comece a aumentar 10 minutos a cada treino até chegar a 2 horas de treino. Se você já pedala, comece com 1 hora e aumente 10 minutos a cada 5 treinos até chegar a 2 horas. Alguns atletas na pré temporada pedalam pelo menos 80 km em terra por dez dias consecutivos.
Treino de recuperação, ou recuperação ativa: Após um dia de treino muito forte, você pedala em um ritmo leve por pelo menos 1 hora, podendo ir até a 2 horas sempre em ritmo leve. Dependendo do seu nível, o treino de habilidade também pode ser de recuperação.
Treino de resistência: É quase igual o treino de base, mas já com uma velocidade maior. Um bom treino de resistência é você simular corridas, mas com um tempo 50% maior do que elas são na verdade. Ex: Se você participa de corridas que duram 1 hora, faça treinos de 1 hora e meia.
Treino de velocidade: Um ciclocomputador ou um relógio são indispensáveis para um bom treino de velocidade. Veja alguns tipos de treinos para você aumentar a sua velocidade.
Velocidade – Treino 1: Convide um amigo que está no mesmo nível que você e faça este treino com ele. Vocês vão para um lugar plano e cada um anda duzentos metros na “roda” do outro. Quando acabar os duzentos metros, o biker que estiver atrás, aumenta o ritmo, ultrapassa o companheiro e puxa por mais duzentos metros até o seu companheiro puxar de novo. Faça isto por 1 hora.
Velocidade – Treino 2: 9 vezes 10: Pedale em velocidade máxima por 5 minutos, depois pedale leve por 5 minutos. Faça isto por 9 vezes consecutivas.
Treino de força: Um bom treino é você ir naquela subida que você está acostumado e subir várias vezes, com uma ou duas marchas mais pesado que o normal. Quando você for subir na marcha normal, vai ver como a subida está bem mais fácil. Não se deve fazer este tipo de treino mais de uma vez por semana, pois desgasta muito os músculos.
Treino de explosão: Aqueça um pouco, depois pare e simule uma largada de corrida. Pedale forte por 8 minutos e gire devagar por 4 minutos. Faça novamente de seis a oito vezes.
Treino de habilidade:  Pelo menos uma vez por semana você vai andar apenas em trilhas, preocupando em passar por subidas e descidas bem técnicas, sem colocar os pés no chão.
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TREINO DE ELITE:
Este é um treino simples mas duro, usados por atletas da elite para aumentar a resistência e queimar a gordura. No começo, não fique preocupado com o tempo. Concentre-se só em manter as distâncias corretas e terminar o treino. Quando você for ganhando resistência, comece a se encaixar nos tempos recomendados.
Aquecimento: Você vai fazer um treino puxado, então e fundamental começar com alongamento e dez minutos de aquecimento.
10 vezes 160:
Você vai dar dez sprints de 160 metros cada, intercalados com descansos de 30 a 35 segundos. O tempo ideal para cada sprint é de 15 a 18 segundos.
8 vezes 130:
8 Sprints de 130 metros, com descansos de 15 a 20 segundos. Tempo ideal de cada sprint: 12 a 15 segundos.
4 vezes 60:
4 Sprints de 60 metros, com descansos de 10 a 15 segundos. Tempo ideal por sprint: de 5 a 8 segundos
Desaquecimento: pedale leve por mais dez minutos.
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SEMANA DE CORRIDA – DICAS DO RAVELLI
Muitas pessoas ficam na dúvida se devem treinar ou descansar na semana que antecede as corridas.
Veja a opinião de Márcio Ravelli (entre outros títulos, 10x Campeão Brasileiro).
*Segunda-feira: Possivelmente você está cansado do domingo de competição ou de um treino puxado no domingo. Sempre que houver uma prova você deve se recuperar “treinando” bem leve, de 1:15 hrs a 1:45 de giro. Chamamos isto de recuperação ativa. 
*Terça-feira: Os treinos são de trilhas técnicas. Treino mais anaeróbico (de 1:30 a 2:00 hrs).
*Quarta-feira: Treinos longos no asfalto. No máximo a quilometragem varia de 80 a 120 km e tem poucas subidas.
*Quinta-feira: Treinos de explosão. São treinos curtos, nos quais você tem que treinar subidas curtas (de preferência, técnica) de 1 km – e bem forte. Em Montes Claros uma boa opção é a subida do Sapucaia com a trilha no final. Sempre marcando e tentando baixar o tempo.
*Sexta-feira: Praticamente um giro de 1:30 no asfalto, para soltar as pernas dos treinos fortes da semana. Se você vai correr no domingo, precisa se recuperar e dar um descanso para as pernas.
*Sábado: Reconheça o circuito da prova que irá fazer de maneira bem moderada. No meu caso eu gosto de fazer uns treinos que chamamos de “treinos de choque”. São treinos em que você pode dar uns “tiros” de no máximo 30 segundos, para sentir a pista e o clima local. Se não for possível reconhecer o percurso (prova de maratona) dê um giro bem leve de manhã e descanse bastante à tarde. O descanso no sábado é fundamental e muito importante. Alimente-se bem, beba bastante líquido e não bata pernas pelas ruas no dia anterior a prova. Se tiver que sair de casa ou do hotel saia de carro ou de bike.
*Domingo: Não durma pouco (as vezes duas horas a mais de sono são melhores que o treinamento de um mês), e não durma muito! De 6 a 8 horas (no máximo) é o suficiente. Coma alimentos que você está acostumado. Muita comida no dia da prova pode fazer mal ao invés de ajudar.
Boa Prova!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dyna Sys- câmbio para 30 ou 20 marchas da Shimano.

A novidade que é a inserção de uma décima coroa no câmbio, não é assim uma novidade segundo o Ronaldo, responsável pelo treinamento. Segundo ele a Shimano já dominava a técnica usada no Dyna Sys há algum tempo, mas só foi usada em componentes para speed.
A primeira coisa que precisa ser dita é: não há ganho de potência em relação aos câmbios anteriores. O que aconteceu foi tão e somente uma otimização das relações internas entre coroas de cassete e pedivela visando um melhor aproveitamento da cadência do biker.
No cassete há uma coroa a mais, a menor ficou com 11 dentes e a maior com 36 dentes no modelo principal. Mas há três tipos de cassetes. Do lado do pedivela, houve mudança também, a menor ficou com 24 e a maior com 42 dentes.
Os modelos disponíveis com Dyna-Sys são SLX, XT e XTR. Só por aqui da para perceber que o uso desse sistema é para competidores. Somente em competição é que um ciclista sente a real diferença da tecnologia. As mudanças ficaram mais fluidas evitando trancos e perda de tempo em ajustar uma marcha quando se trocava de coroa no pedivela. Com os tamanhos das coroas mais próximos no dianteiro, evita-se ter que ajustar o câmbio traseiro também quando ocorria a troca no dianteiro.
Há também a opção de pedivela com apenas duas coroas para competidores mais dedicados. Neste caso há um trocador com a opção de travar uma posição. Fora as rodas e cubos, todas as peças para Dyna-Sys são novas e devem ser usas só com o sistema. Segundo a Shimano, misturar peças pode ocasionar problemas.
Um exemplo citado foi o da relação de 22 dentes do pedivela antigo para a coroa de 36 do cassete Dyna. Essa relação produz uma força tal que danifica o freehub e o cubo. Por isso mesmo o pedivela esta dimensionado para 24 dentes na menor. Outro detalhe importante é que a corrente agora é direcional. Isto é, tem lado certo. Ela foi desenhada para subir melhor no cassete e no pedivela. E este último ganhou algumas rampas pra fazer a troca de marcha com a menor rotação possível. Tudo para aumentar a rapidez e suavidade das trocas e valorizar a cadência evitando desgastes maiores do ciclista.